quinta-feira, 19 de março de 2009

Rendo-me...




...à omnipresença magnífica deste rio, desde o Erges, primeiro afluente em Portugal, até S. Julião (Algés), passando por Valada do Ribatejo e homenageando os esteiros – obrigatória a leitura da obra de Soeiro Pereira Gomes com o mesmo título.



Por oposição à mãe duriense empedernida, eu, revelada ao mundo em Fevereiro de 1972 num belíssimo palácio setecentista em pleno coração de Lisboa (perdoem-me esta pequena soberba!), não podia deixar de me afeiçoar a este corpo fluído que por tantas vezes recolheu as minhas lágrimas…


Alguns factos:

- O maior rio ibérico (1.007 Km);



- O estuário europeu mais rico em biodiversidade – convido-vos a conhecer a Ponta da Erva na Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, onde o Sorraia encontra o Tejo, e a observar os espécimes de aves através de binóculos;


- Testemunhou, de camarote, o maior evento cultural do Sec. XX em Portugal - a Expo’98 – e também, como reminescências do grande espírito intrépido e empreendedor dos Descobrimentos, ainda habitam entre nós…



- Passa duas vezes por Alcantara (!) – uma em Espanha, outra em Portugal;



- Bordeja paisagens de uma beleza inenarrável: Aranjuez, Toledo, Parque Nacional de Monfrague, Vila Velha de Ródão, Belver, Constância, Vila Nova da Barquinha, Alcochete, Lisboa;



- Rompeu e atravessou titanicamente as cristas quartzíticas (grau 7 na escala de Mohs!) nas portas de Ródão há milhares de anos;



- Um basculamento da meseta ibérica provoca o seu deslocamento para sudoeste… e uma foz lindíssima na minha querida Linha do Estoril!



Eu fui acompanhando fisicamente as margens deste rio e, em abstracto, a sua evolução paleogeográfica, enquanto estudante às voltas com a “Bacia Ceno-antropozóiza do Tejo e Sado” de cujos trabalhos resultaram sempre entre 18 e 19 valores (Epa, desculpem lá outra vez!)

Pois foi em Alhandra (estágio de Engenharia na Cimpor) que eu comecei a descobrir o Tejo, o Ribatejo, as suas gentes e o fervor tauromáquico;


Depois - cinco anos na zona de intervenção da Parque Expo, com tudo aquilo que tem de bom e de mau uma mega produção portuguesa. O Mar da Palha para os meus passeios de veleiro e a Doca dos Olivais para os treinos de canoagem foram sobretudo aprendizagens sobre a fauna e a flora do estuário.


Depois - uma casa em plena lezíria benaventense, um casamento regado a Catapereiro, e um filho a crescer na grande cidade aeronáutica!


Depois de muito viajar pelo sul, e ao fim de dez anos - o regresso à metrópole onde já não me identifico com nada… apenas com esse Tejo ali senil mas sempre novo nas palavras d’”O Cacilheiro”.

Nota Final:


Dois pontos de observação sublime sobre o Tejo e os seus mouchões: o miradouro do adro da Igreja de S. João Baptista e o monumento das Linhas de Torres (ambos em Alhandra).

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